Conheceram-se na fila do Minipreço, à espera dos talões de desconto. Olharam-se nos olhos e o amor surgiu profundo.
Três dias depois estavam a viver juntas para todo o sempre.
Catarina trabalhava num cabeleireiro ao pé de casa. Dedicava-se também ao voluntariado num Web Café. Tinha uma sede enorme de aprender e sonhava que, um dia, a internet lhe telefonaria a dar-lhe emprego. As tecnologias fascinavam-na. Isabel carregava nos ombros uma gigantesca responsabilidade que lhe roubava tempo para viver o amor. Era uma das Teresas do 1696 da Tmn. Uma carreira brilhante apontava na sua direcção.
Um belo dia, Isabel que, para além de ser a mais aventureira era também a mais cerebral, a que habitualmente tratava de todos os planos de vida do casal, acordou com a ideia da sua vida. E se bem o pensou, melhor o fez. O Web Café, onde Isabel tanto labutava dia a dia, tinha uma série de webcams.
Como mulher cheia de iniciativa, pediu a Maria Dunas, sua amiga e proprietária do estabelecimento comercial, que a ajudasse. O segredo era fazer um big brother lésbico em versão “Lida da Casa”. E lá começaram a viver as três.
De um dia para o outro, Isabel e Catarina ficaram famosas.
Depressa contraíram um crédito à habitação e compraram um apartamento vilarejo na Cova do Vapor, mesmo no largo dos Parodiantes de Lisboa, com vista para o rio. Abandonaram o crédito nos ciganos e as roupinhas da Zara e da Berska. Tomaram de assalto os guarda-roupa das melhores lojas. Os seus corpos exalavam outros odores, mais harmoniosos e suportáveis. Davam-se ao luxo de comprar aqueles perfumes de nomes estranhos que viam na televisão nos intervalos das novelas da TVI. Até um automóvel conseguiram no Preço Certo. A imprensa lilás não as deixava em paz. Os paparazzis dos jornais locais procuravam fotos desnudas para incrementar as vendas. E até Maria Dunas teve de impor um novo horário no WebCafé.
Aquilo era a loucura. Isabel lidava melhor com a fama do que Catarina que invariavelmente tinha depressões sempre que percorria os corredores da Valentim de Carvalho para participar no Cabaret da Coxa. Isabel geria e manipulava a fama, o dinheiro. Até já tinha começado a ler os livros do Harold Robbins.
Nunca Isabel soube que Afinal Havia Outra...
(Roubado de rainha malvada, onde o drama pode ser lido por completo)
segunda-feira, 15 de janeiro de 2007
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